https://schema.org/ NewsArticle Anjos Choram na Terra Sagrada de Andre Matos - Direção Fred Le Blue Anjos Choram na Terra Sagrada de Andre Matos - Direção Fred Le Blue https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrR-3r8K1-qfOHO_jfCQKAP773UdqBIqLS7C01bTECXbU-mr2pWf-tFJq7SlE4tIWY4RPn9AouRzSbCRRxDJakQwlTqlh6azyaedDrxc51vHk-KdKxfGANUnhM7X8SSCzfPlaNwxmq2n2qNV7IzcfTbRj3G_pYhMOFtbhDD9zp6xp-WUpapcl8FC7U/w1920/divulgacao.jpg Organization Jornal Online Nossa Voz ImageObject https://www.jornalonlinenossavoz.com/2023/06/anjos-choram-na-terra-sagrada-de-andre.html Anjos Choram na Terra Sagrada de Andre Matos - Direção Fred Le Blue
Foto: Fred Le Blue  


No dia 08 de junho será lançado o filme “Anjos Choram na Terra Sagrada de Andre Matos”, um documentário autoral sobre a vida e obra do maestro e metaleiro Andre Matos, o vocalista brasileiro noventista mais cultuado na cena musical internacional do rock. O filme é uma produção do compositor, cantor e baterista Fred Le Blue, que dirigiu clipes do projeto COMVERSOM de versões de clássicos do rock em português, como “Silent Man” do Dream Theather e “Wild Horse” do Rolling Stones e, mais recentemente, o filme "O Processo de Metamorfose de Geraldo V." sobre Geraldo Vandré.

Este novo documentário sobre Matos é oriundo de um trabalho de pesquisa do arquivo público sobre o artista na internet, é um tributo aos mais de 30 anos de trajetória do artista, que se acostumou em sua carreira com altos e baixos, talvez, em função capacidade vocal elástica, capaz de atingir os mais altos agudos da voz masculina. Dia 08 de junho de 2019, completou seu ciclo terrestre, um dos cantores mais lendários e maestrais da história do Rock e do Metal. Apesar de ter vivido somente 47 anos, o maestro paulistano deixou como legado a criação de 3 das mais importantes bandas brasileiras de sucesso internacional: Viper, Angra e Shaman. Em ambas, atuou mais do que como músico, mas também, como líder de geração, influenciando ouvintes e muitos musicistas por sua polinização de estilos populares com eruditos e rockeiros.

Partindo da background do heavy metal melódico alemão, Andre foi responsável por experimentos sonoros desse gênero com a música clássica (medieval, gregoriana, renascentista, romântica e barroca), celta, afrobrasileira, indígena e indiana. No disco “Holy Land” de 1996, que cria uma cartografia íntima sobre a descoberta da terra sagrada dos índios de Pindorama, besuntado de referências como samba e capoeira, ainda com Angra, e “Ritual” de 2002, com Shaman, onde o xamanismo mexicano revelado ao grande público pela obra antropológica do brasileiro Carlos Castaneda, influencia um esforço de alteridade cultural, a partir do contato com diversos rituais religiosos de diversas culturas, para extrair o arquetípico-universal presente em todo o espectro da vida humana em diferentes paragens da Terra.


Showbussinesstresses

Avesso ao culto consumista e fetichista de personalidade, Andre Matos costumava interromper sua participação nos grupos cocriados para se lançar em um voo mágico rumo à novos projetos em ciclos de eternos retornos, mesmo que isso gerasse muita repercussão midiática negativa, em função do apego dos fãs, ou melhor, clãs, fiéis aos seus totens modernos. Por as bandas de metal funcionarem como estabilizadores mítico-identitários, criadores de pertencimento tribal, os laços de lealdade eterna com o público parecem advir mesmo do fato das músicas forjarem um caráter ritualístico muito acentuado, sobretudo, na catarse coletiva catalisada nos shows, com muitas referências poéticas à elementos narrativos das mitologias clássicas da Velha Europa.

Talvez, por isso, mesmo, o idealismo ocidental que prega, desde a Grécia antiga, a dissociação da alma do corpo, este último, sendo considerado desprezível, motivo que o faz merecer ser escravo daquele, talvez, tenha sido o único obstáculo psicológico que André não tenha conseguido superar, haja vista que sua morte precoce por infarto, parece estar ligada ao fato de ele ser hipocondríaco, insone e sedentário. O que não é recomendável, em função, de ser uma rotina extenuante a de shows de longa duração por um músico de alta performance de metal, já em idade madura, onde o intérprete tem que primar pela excelência técnica, vez que a maioria dos ouvintes são músicos exigentes e ávidos por acrobacias musicais. E além disso, diletantes críticos de arte, sempre a fazer comparações ácidas entre vocalistas da cena, principalmente, quando, esses fazem parte da história de um mesmo longevo grupo, o que no metal, costuma ser a regra, talvez, porque as letras e imagens sonoras parecem se escorar em um passado ancestral, que empresta uma aparência de secularidade para as bandas.


Shaman X Angra; Angra do Brasil X Angra do Mundo

A constante competição e eterna comparação de Angra com Shaman, que foram contempladas com 2 bandas de nível excepcional, apesar das constantes lavações de roupa suja em programas de rádios e mídias digitais também, estimulou a produção de discos memoráveis do Angra, mas, sobretudo, do Shaman, que em 2002, aprofundou no disco “Ritual”, a experiência de interculturalidade de “Holy Land”. A formação original da banda duraria somente até 2013, obrigando Andre a investir em seus discos solos e nas turnês comemorativas dos 20 anos dos dois primeiros discos com o Viper e os dois, com o Angra. Um exemplo do campo minando entre os 2 líderes se deu em 2016, quando, tanto André como a Rafael, comemoraram os 20 anos do disco “Holy Land”, cada um com suas respectivas bandas.

A banda Angra, cada vez mais globalizada e empresarial, acabou perdendo um pouco da sua aura no Brasil, na esteira do caminho de alta reprodutibilidade e considerável desnacionalização do Sepultura –, apesar de que o paulistano Andreas Kisser, ao contrário de Rafael Bittencourt, atual membro-proprietário da marca e único remanescente da formação original do grupo, nem se quer foi um dos pioneiros da ex-banda mineira, formada pelos irmãos Cavalera, que eram vizinhos da família Borges (Clube da Esquina) no Bairro de Santa Teresa em BH. Percebendo esse vácuo de representatividade interna, mesmo que, extraoficialmente, o novo ex-vocalista Edu Falashi -, que saiu em 2012, após o fiasco da apresentação do grupo no Rock n’ Rio -, passou a fazer turnês e discos com o repertório da sua fase do Angra e da fase andreeniana, o que gerou muitos ruídos de comunicação sobre direitos autorais de músicas e shows não ou mal pagos.

Com o papel de dono da bola, Bittencourt tem sofrido um desgaste de sua imagem, amiúde, sendo estigmatizado negativamente pelos fãs mais passionais, como carrasco proferidor de anátemas em nome dos dogmas da Igreja Universal do "Templo das Sombras". Em algumas falas públicas sobre defeitos comportamentais de ex-membros, transparece mais seu lado CEO da Faria Lima (“logomarca”; “merchandising”; “marketing”, “cliente”...), do que o de grande guitarrista rockstar do AngrA, que é muito mais que esse logotipo simétrico de 5 letras, iniciado e terminado pela letra "A". O anagrama capitalista, latente no nome an-GRA, talvez, revele o porquê ocultista do idealista romântico Andre ter sentenciado que a banda deveria acabar, após as recorrentes mudanças de vocalistas e membros.

Por outro lado, em um país em que os grupos musicais autorais de Rock costumam ter data de validade, é louvável que Rafael tenha tido resiliência e paciência coletivista de suportar o preciosismo de 2 grandes carismáticos vocalistas por mais de 20 anos e aguardar 10 anos para recuperar o domínio sobre a banda, cujo nome era propriedade imaterial do primeiro empresário do grupo, Toninho Pirani. Sobre esse mecenas ao contrário, um desfile de diletantismos gerenciais costumam ser notados entre os críticos da cena, para ilustrar como a banda poderia ter ido ainda mais longe em termos de projeção e performance. Por exemplo: o mesmo parece ter esmorecido nas tratativas para fechar uma oportunidade dos sonhos do Angra, de ser coempresariado pelo Iron Maiden LLP, umas das empresas mais rentáveis do mundo de entretenimento na Inglaterra.  

Contra ele, o que contribuiu para criar uma secessão em 2 clãs, pesou uma acusação de que haveria um suposto envolvimento em um suposto esquema mafioso de pirataria dos discos da banda. O resultado foi que, todos outros membros, exclusive Rafael e o guitarrista Kiko Loureiro, saíram da banda para serem sócios da Shaman em 2003. Os demais vislumbraram a oportunidade de ter mais protagonismo no grupo, por se sentirem, talvez, ofuscados pela estrela genial e geniosa maior de Andre Matos, com possibilidade de utilizar da projeção de uma banda na estrada com mais de 10 anos de sucesso como trampolim para chegar a uma banda com mais estrutura e renome, como fizera Kiko, que hoje está no Megadeth, ou se tornar donatário da banda, como ocorreu com Rafael -, apesar de que os novos integrantes do Angra tem sociedade na porcentagem do lucros de shows e turnês.

Do lado de cá do palco, a percepção da figura do vocalista, como um relações públicas da banda para sua promoção institucional, que tem sido imprimida na história do Angra, apesar de comum em grandes bandas do gênero metaleiro no mundo, não condiz com o protagonismo que um cantor costuma assumir no imaginário cultural de um país cancionista como o Brasil. Daí, o que se percebe é um paradoxo da consolidação da projeção do grupo fora do país com o Angra na voz do italiano Fábio Lione, e no Brasil, na voz de Edu Falashi em seus shows covers. O cantor também tem vociferado, após retomar sua plena voz, que deve ser revista a matemática dos cálculos correspondentes aos valores relativos à direitos digitais de imagem e voz nos clipes do canal oficial do Angra.

Entre mortos e feridos desse disputado território cultural do Angra, não menos do que os terrenos de marinha na cidade homônima do Rio de Janeiro, predominou, como segue a tradição, em bandas como Iron Maiden-, para qual Matos figurou em um honroso terceiro lugar para substituir Bruce Dickinson em 1993 -, a fundante hegemonia da guitarra no metal. O que remonta, talvez, à questões de musicologia sobre histórico maior status conferido na cultura erudita europeia, muito ligadas ao entretenimento aristocrático das cortes monárquicas, pouco e nada politizado, ao instrumentalismo composicional e orquestrante, em detrimento de formatos operísticos falados, consideradas mais popularescos. Mas, ao mesmo tempo, mais compatíveis com posicionamentos ideológicos bem definidos. Em todo caso, a palavra, a linguagem e a voz por serem elementos universais presentes na biologia de todo e qualquer ser humano, tendem, por isso, a despertar maior empatia do público, sobretudo, se menos elitizado e alfabetizado musicalmente.

No imaginário sociocultural dos fãs brasileiros, o vocalista Matos, também, por ser um pianista de mão cheia, é lembrado quase que, mensalmente, nos programas de rock no Youtube. Após sua morte, inclusive, foi realizada uma web-série e documentário quádruplo, produzido em parceria com sua família, no qual ele ganhou o cognome: “Andre Matos: o Maestro do Rock”. Somando a esses esforços de valorização desse “muso” inspirador, “Anjos Choram na Terra Sagrada de André Matos” pode ser um interessante preâmbulo sobre a produtiva e conflitiva vida e a obra desse doce metaleiro e suas canções épicas atemporais, que, desde os 13 anos de idade, quando fundou o Viper, sonhou se tornar maestro e acabou reinventando o Rock.


Estreia dia 08 de agosto

“Anjos Choram na Terra Sagrada de Andre Matos” (BRA, 2023, 141 min)

Direção Fred Le Blue

Link do filme: https://youtu.be/VhRT4TItNAI





Texto e Fotos: Fred Le Blue


true 2023 pt-BR WebPage https://www.jornalonlinenossavoz.com/#website https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrR-3r8K1-qfOHO_jfCQKAP773UdqBIqLS7C01bTECXbU-mr2pWf-tFJq7SlE4tIWY4RPn9AouRzSbCRRxDJakQwlTqlh6azyaedDrxc51vHk-KdKxfGANUnhM7X8SSCzfPlaNwxmq2n2qNV7IzcfTbRj3G_pYhMOFtbhDD9zp6xp-WUpapcl8FC7U/w1920/divulgacao.jpg Notícias Últimas notícias Notícias Uncategorized

Anjos Choram na Terra Sagrada de Andre Matos - Direção Fred Le Blue

Foto: Fred Le Blue  


No dia 08 de junho será lançado o filme “Anjos Choram na Terra Sagrada de Andre Matos”, um documentário autoral sobre a vida e obra do maestro e metaleiro Andre Matos, o vocalista brasileiro noventista mais cultuado na cena musical internacional do rock. O filme é uma produção do compositor, cantor e baterista Fred Le Blue, que dirigiu clipes do projeto COMVERSOM de versões de clássicos do rock em português, como “Silent Man” do Dream Theather e “Wild Horse” do Rolling Stones e, mais recentemente, o filme "O Processo de Metamorfose de Geraldo V." sobre Geraldo Vandré.

Este novo documentário sobre Matos é oriundo de um trabalho de pesquisa do arquivo público sobre o artista na internet, é um tributo aos mais de 30 anos de trajetória do artista, que se acostumou em sua carreira com altos e baixos, talvez, em função capacidade vocal elástica, capaz de atingir os mais altos agudos da voz masculina. Dia 08 de junho de 2019, completou seu ciclo terrestre, um dos cantores mais lendários e maestrais da história do Rock e do Metal. Apesar de ter vivido somente 47 anos, o maestro paulistano deixou como legado a criação de 3 das mais importantes bandas brasileiras de sucesso internacional: Viper, Angra e Shaman. Em ambas, atuou mais do que como músico, mas também, como líder de geração, influenciando ouvintes e muitos musicistas por sua polinização de estilos populares com eruditos e rockeiros.

Partindo da background do heavy metal melódico alemão, Andre foi responsável por experimentos sonoros desse gênero com a música clássica (medieval, gregoriana, renascentista, romântica e barroca), celta, afrobrasileira, indígena e indiana. No disco “Holy Land” de 1996, que cria uma cartografia íntima sobre a descoberta da terra sagrada dos índios de Pindorama, besuntado de referências como samba e capoeira, ainda com Angra, e “Ritual” de 2002, com Shaman, onde o xamanismo mexicano revelado ao grande público pela obra antropológica do brasileiro Carlos Castaneda, influencia um esforço de alteridade cultural, a partir do contato com diversos rituais religiosos de diversas culturas, para extrair o arquetípico-universal presente em todo o espectro da vida humana em diferentes paragens da Terra.


Showbussinesstresses

Avesso ao culto consumista e fetichista de personalidade, Andre Matos costumava interromper sua participação nos grupos cocriados para se lançar em um voo mágico rumo à novos projetos em ciclos de eternos retornos, mesmo que isso gerasse muita repercussão midiática negativa, em função do apego dos fãs, ou melhor, clãs, fiéis aos seus totens modernos. Por as bandas de metal funcionarem como estabilizadores mítico-identitários, criadores de pertencimento tribal, os laços de lealdade eterna com o público parecem advir mesmo do fato das músicas forjarem um caráter ritualístico muito acentuado, sobretudo, na catarse coletiva catalisada nos shows, com muitas referências poéticas à elementos narrativos das mitologias clássicas da Velha Europa.

Talvez, por isso, mesmo, o idealismo ocidental que prega, desde a Grécia antiga, a dissociação da alma do corpo, este último, sendo considerado desprezível, motivo que o faz merecer ser escravo daquele, talvez, tenha sido o único obstáculo psicológico que André não tenha conseguido superar, haja vista que sua morte precoce por infarto, parece estar ligada ao fato de ele ser hipocondríaco, insone e sedentário. O que não é recomendável, em função, de ser uma rotina extenuante a de shows de longa duração por um músico de alta performance de metal, já em idade madura, onde o intérprete tem que primar pela excelência técnica, vez que a maioria dos ouvintes são músicos exigentes e ávidos por acrobacias musicais. E além disso, diletantes críticos de arte, sempre a fazer comparações ácidas entre vocalistas da cena, principalmente, quando, esses fazem parte da história de um mesmo longevo grupo, o que no metal, costuma ser a regra, talvez, porque as letras e imagens sonoras parecem se escorar em um passado ancestral, que empresta uma aparência de secularidade para as bandas.


Shaman X Angra; Angra do Brasil X Angra do Mundo

A constante competição e eterna comparação de Angra com Shaman, que foram contempladas com 2 bandas de nível excepcional, apesar das constantes lavações de roupa suja em programas de rádios e mídias digitais também, estimulou a produção de discos memoráveis do Angra, mas, sobretudo, do Shaman, que em 2002, aprofundou no disco “Ritual”, a experiência de interculturalidade de “Holy Land”. A formação original da banda duraria somente até 2013, obrigando Andre a investir em seus discos solos e nas turnês comemorativas dos 20 anos dos dois primeiros discos com o Viper e os dois, com o Angra. Um exemplo do campo minando entre os 2 líderes se deu em 2016, quando, tanto André como a Rafael, comemoraram os 20 anos do disco “Holy Land”, cada um com suas respectivas bandas.

A banda Angra, cada vez mais globalizada e empresarial, acabou perdendo um pouco da sua aura no Brasil, na esteira do caminho de alta reprodutibilidade e considerável desnacionalização do Sepultura –, apesar de que o paulistano Andreas Kisser, ao contrário de Rafael Bittencourt, atual membro-proprietário da marca e único remanescente da formação original do grupo, nem se quer foi um dos pioneiros da ex-banda mineira, formada pelos irmãos Cavalera, que eram vizinhos da família Borges (Clube da Esquina) no Bairro de Santa Teresa em BH. Percebendo esse vácuo de representatividade interna, mesmo que, extraoficialmente, o novo ex-vocalista Edu Falashi -, que saiu em 2012, após o fiasco da apresentação do grupo no Rock n’ Rio -, passou a fazer turnês e discos com o repertório da sua fase do Angra e da fase andreeniana, o que gerou muitos ruídos de comunicação sobre direitos autorais de músicas e shows não ou mal pagos.

Com o papel de dono da bola, Bittencourt tem sofrido um desgaste de sua imagem, amiúde, sendo estigmatizado negativamente pelos fãs mais passionais, como carrasco proferidor de anátemas em nome dos dogmas da Igreja Universal do "Templo das Sombras". Em algumas falas públicas sobre defeitos comportamentais de ex-membros, transparece mais seu lado CEO da Faria Lima (“logomarca”; “merchandising”; “marketing”, “cliente”...), do que o de grande guitarrista rockstar do AngrA, que é muito mais que esse logotipo simétrico de 5 letras, iniciado e terminado pela letra "A". O anagrama capitalista, latente no nome an-GRA, talvez, revele o porquê ocultista do idealista romântico Andre ter sentenciado que a banda deveria acabar, após as recorrentes mudanças de vocalistas e membros.

Por outro lado, em um país em que os grupos musicais autorais de Rock costumam ter data de validade, é louvável que Rafael tenha tido resiliência e paciência coletivista de suportar o preciosismo de 2 grandes carismáticos vocalistas por mais de 20 anos e aguardar 10 anos para recuperar o domínio sobre a banda, cujo nome era propriedade imaterial do primeiro empresário do grupo, Toninho Pirani. Sobre esse mecenas ao contrário, um desfile de diletantismos gerenciais costumam ser notados entre os críticos da cena, para ilustrar como a banda poderia ter ido ainda mais longe em termos de projeção e performance. Por exemplo: o mesmo parece ter esmorecido nas tratativas para fechar uma oportunidade dos sonhos do Angra, de ser coempresariado pelo Iron Maiden LLP, umas das empresas mais rentáveis do mundo de entretenimento na Inglaterra.  

Contra ele, o que contribuiu para criar uma secessão em 2 clãs, pesou uma acusação de que haveria um suposto envolvimento em um suposto esquema mafioso de pirataria dos discos da banda. O resultado foi que, todos outros membros, exclusive Rafael e o guitarrista Kiko Loureiro, saíram da banda para serem sócios da Shaman em 2003. Os demais vislumbraram a oportunidade de ter mais protagonismo no grupo, por se sentirem, talvez, ofuscados pela estrela genial e geniosa maior de Andre Matos, com possibilidade de utilizar da projeção de uma banda na estrada com mais de 10 anos de sucesso como trampolim para chegar a uma banda com mais estrutura e renome, como fizera Kiko, que hoje está no Megadeth, ou se tornar donatário da banda, como ocorreu com Rafael -, apesar de que os novos integrantes do Angra tem sociedade na porcentagem do lucros de shows e turnês.

Do lado de cá do palco, a percepção da figura do vocalista, como um relações públicas da banda para sua promoção institucional, que tem sido imprimida na história do Angra, apesar de comum em grandes bandas do gênero metaleiro no mundo, não condiz com o protagonismo que um cantor costuma assumir no imaginário cultural de um país cancionista como o Brasil. Daí, o que se percebe é um paradoxo da consolidação da projeção do grupo fora do país com o Angra na voz do italiano Fábio Lione, e no Brasil, na voz de Edu Falashi em seus shows covers. O cantor também tem vociferado, após retomar sua plena voz, que deve ser revista a matemática dos cálculos correspondentes aos valores relativos à direitos digitais de imagem e voz nos clipes do canal oficial do Angra.

Entre mortos e feridos desse disputado território cultural do Angra, não menos do que os terrenos de marinha na cidade homônima do Rio de Janeiro, predominou, como segue a tradição, em bandas como Iron Maiden-, para qual Matos figurou em um honroso terceiro lugar para substituir Bruce Dickinson em 1993 -, a fundante hegemonia da guitarra no metal. O que remonta, talvez, à questões de musicologia sobre histórico maior status conferido na cultura erudita europeia, muito ligadas ao entretenimento aristocrático das cortes monárquicas, pouco e nada politizado, ao instrumentalismo composicional e orquestrante, em detrimento de formatos operísticos falados, consideradas mais popularescos. Mas, ao mesmo tempo, mais compatíveis com posicionamentos ideológicos bem definidos. Em todo caso, a palavra, a linguagem e a voz por serem elementos universais presentes na biologia de todo e qualquer ser humano, tendem, por isso, a despertar maior empatia do público, sobretudo, se menos elitizado e alfabetizado musicalmente.

No imaginário sociocultural dos fãs brasileiros, o vocalista Matos, também, por ser um pianista de mão cheia, é lembrado quase que, mensalmente, nos programas de rock no Youtube. Após sua morte, inclusive, foi realizada uma web-série e documentário quádruplo, produzido em parceria com sua família, no qual ele ganhou o cognome: “Andre Matos: o Maestro do Rock”. Somando a esses esforços de valorização desse “muso” inspirador, “Anjos Choram na Terra Sagrada de André Matos” pode ser um interessante preâmbulo sobre a produtiva e conflitiva vida e a obra desse doce metaleiro e suas canções épicas atemporais, que, desde os 13 anos de idade, quando fundou o Viper, sonhou se tornar maestro e acabou reinventando o Rock.


Estreia dia 08 de agosto

“Anjos Choram na Terra Sagrada de Andre Matos” (BRA, 2023, 141 min)

Direção Fred Le Blue

Link do filme: https://youtu.be/VhRT4TItNAI





Texto e Fotos: Fred Le Blue


 

Postado por:

segunda-feira, 05 junho 2023, 12:59:00
 

Descrição: Anjos Choram na Terra Sagrada de Andre Matos - Direção Fred Le Blue Legenda; Anjos Choram na Terra Sagrada de Andre Matos - Direção Fred Le Blue

 
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